REIS, PROFETAS E SACERDOTES
... a consagração
não é jamais objetivo em si mesma.
É-se sempre consagrado
para alguma coisa, para um objetivo.
Para que somos consagrados nós cristãos?
Também isso descobrimos em Jesus,
que é a fonte
e o modelo da nossa consagração.
Jesus reuniu e cumpriu em si
a tríplice consagração:
como rei,
como profeta
e como sacerdote.
No seu batismo, Jesus foi ungido
antes de mais nada como rei
para lutar
contra satanás e instaurar o reino de Deus:
"Mas se é pelo Espírito de Deus
que expulso os demônios,
então, chegou para vós o
reino de Deus" (Mt 12,28).
No antigo testamento,
os reis eram ungidos
para empreender batalhas materiais,
contra inimigos visíveis:
os cananeus,
os filiteus, os amorreus, etc;
no novo testamento,
Jesus é ungido com unção real
para combater batalhas espirituais,
contra inimigos invisíveis:
o pecado, a morte,
e aquele
que da morte tinha o império,
satanás.
Em segundo lugar,
Jesus foi ungido como profeta
para levar a boa nova aos pobres.
Ele aplica a si,
como recordamos,
as palavras com as quais Isaias descreve
sua consagração profética:
"O espírito do Senhor repousa sobre mim,
porque o Senhor consagrou-me pela unção;
enviou-me a levar a boa-nova aos humildes"
(Is 61, 1a; Lc 4,18).
Enfim,
Jesus é ungido sacerdote,
seja na encarnação
seja no batismo,
para oferecer a si mesmo no sacrifício.
Jesus,
está escrito na carta aos hebreus,
"com um espírito eterno,
ofereceu a si mesmo a Deus
para purificar as nossas consciência
das obras mortas" (cf. 9,14).
Nós também fomos consagrados reis,
profetas e sacerdotes.
No momento da unção
com o sagrado crisma,
nos rituais que se seguem ao batismo,
a Igreja declara:
"Deus onipotente,
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
livrou-vos dos pecados
e vos fez renascer pela água
e pelo espírito santo,
unindo-vos a seu povo;
Ele mesmo vos consagra
com o crisma da salvação,
para que inseridos em Cristo,
sacerdote, rei e profeta,
sejais sempre
membros de seu corpo
pela vida eterna".
Como reis,
os cristãos são ungidos
para lutar contra o pecado,
para que,
"não reine mais o pecado em seu corpo mortal"
(cf. Rm 6,12),
e contra todos os inimigos espirituais,
em primeiro lugar
contra satanás,
são ungidos para o combate espiritual
(cf. Ef 6,10-20).
São consagrados
como profetas,
enquanto chamados a publicar
"as virtudes daquele que das trevas
vos chamou
à sua luz maravilhosa"
(1Pd 2,9b),
chamados a evangelizar.
Enfim são consagrados sacerdotes
para exercer seu sacerdócio real.
'Ouçamos' o que dizia,
a propósito disso, aos cristãos de seu tempo,
o Papa São Leão Magno,
"Todos aqueles que renasceram em Cristo,
conseguem dignidade real
pelo sinal da cruz.
Com a unção do Espírito Santo
são depois consagrados sacerdotes.
Não existe, portanto,
somente um serviço específico
proprio do nosso ministério,
porque todos os cristãos estão revestidos
de um carisma
espiritual e sobrenatural,
que os torna partícipes da estirpe ral
e do ofício sacerdotal.
Não é talvez função real
o fato de que uma alma, submissa a Deus,
governe o seu corpo?
Não é talvez função sacerdotal
consagrar ao Senhor uma consciência pura
e Lhe oferecer, sobre o altar do coração,
os sacrifícios imaculados do nosso culto?
Pela graça de Deus
essas funções são comuns a todos.
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ISBN 85-85592-93-1
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