terça-feira, 22 de janeiro de 2008


REIS, PROFETAS E SACERDOTES


... a consagração

não é jamais objetivo em si mesma.

É-se sempre consagrado

para alguma coisa, para um objetivo.

Para que somos consagrados nós cristãos?

Também isso descobrimos em Jesus,

que é a fonte

e o modelo da nossa consagração.

Jesus reuniu e cumpriu em si

a tríplice consagração:

como rei,

como profeta

e como sacerdote.


No seu batismo, Jesus foi ungido

antes de mais nada como rei

para lutar

contra satanás e instaurar o reino de Deus:

"Mas se é pelo Espírito de Deus

que expulso os demônios,

então, chegou para vós o

reino de Deus" (Mt 12,28).

No antigo testamento,

os reis eram ungidos

para empreender batalhas materiais,

contra inimigos visíveis:

os cananeus,

os filiteus, os amorreus, etc;

no novo testamento,

Jesus é ungido com unção real

para combater batalhas espirituais,

contra inimigos invisíveis:

o pecado, a morte,

e aquele

que da morte tinha o império,

satanás.

Em segundo lugar,

Jesus foi ungido como profeta

para levar a boa nova aos pobres.

Ele aplica a si,

como recordamos,

as palavras com as quais Isaias descreve

sua consagração profética:

"O espírito do Senhor repousa sobre mim,

porque o Senhor consagrou-me pela unção;

enviou-me a levar a boa-nova aos humildes"

(Is 61, 1a; Lc 4,18).


Enfim,

Jesus é ungido sacerdote,

seja na encarnação

seja no batismo,

para oferecer a si mesmo no sacrifício.

Jesus,

está escrito na carta aos hebreus,

"com um espírito eterno,

ofereceu a si mesmo a Deus

para purificar as nossas consciência

das obras mortas" (cf. 9,14).


Nós também fomos consagrados reis,

profetas e sacerdotes.

No momento da unção

com o sagrado crisma,

nos rituais que se seguem ao batismo,

a Igreja declara:

"Deus onipotente,

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

livrou-vos dos pecados

e vos fez renascer pela água

e pelo espírito santo,

unindo-vos a seu povo;

Ele mesmo vos consagra

com o crisma da salvação,

para que inseridos em Cristo,

sacerdote, rei e profeta,

sejais sempre

membros de seu corpo

pela vida eterna".


Como reis,

os cristãos são ungidos

para lutar contra o pecado,

para que,

"não reine mais o pecado em seu corpo mortal"

(cf. Rm 6,12),

e contra todos os inimigos espirituais,

em primeiro lugar

contra satanás,

são ungidos para o combate espiritual

(cf. Ef 6,10-20).


São consagrados

como profetas,

enquanto chamados a publicar

"as virtudes daquele que das trevas

vos chamou

à sua luz maravilhosa"

(1Pd 2,9b),

chamados a evangelizar.

Enfim são consagrados sacerdotes

para exercer seu sacerdócio real.


'Ouçamos' o que dizia,

a propósito disso, aos cristãos de seu tempo,

o Papa São Leão Magno,

"Todos aqueles que renasceram em Cristo,

conseguem dignidade real

pelo sinal da cruz.

Com a unção do Espírito Santo

são depois consagrados sacerdotes.

Não existe, portanto,

somente um serviço específico

proprio do nosso ministério,

porque todos os cristãos estão revestidos

de um carisma

espiritual e sobrenatural,

que os torna partícipes da estirpe ral

e do ofício sacerdotal.

Não é talvez função real

o fato de que uma alma, submissa a Deus,

governe o seu corpo?

Não é talvez função sacerdotal

consagrar ao Senhor uma consciência pura

e Lhe oferecer, sobre o altar do coração,

os sacrifícios imaculados do nosso culto?

Pela graça de Deus

essas funções são comuns a todos.

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ISBN 85-85592-93-1



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